Quem se sentir afectado pelo que eu escrever que enfie a carapuça porque eu nunca refiro nomes
Published on February 15, 2005 By mendigo_do_metro In Personal Relationships
Meu caro blog, hoje vou falar-te da minha escola. Frequento o 12ºAno de Escolaridade na Escola Salesiana do Estoril. Uma autêntica colónia de betos. Para quem não esteja familiarizado com o termo "betos", este é uma designação depreciativa para com um grupo generalizado e estereotipado, referente aos filhinhos da alta sociedade cascaense. Primam por um comportamento que pouco difere de indivíduo para indivíduo: usam tudo o que seja roupa de marca; têm nomes com inúmeros apelidos, muitos de ascendência estrangeira; usam um tipo de vocabulário próprio e até uma pronunciação das palavras muito própria e reconhecível facilmente; tratam os amigos dos pais ou os pais dos amigos por "tio" ou "tia", embora estes não possuam quaisquer laços de parentesco para com os próprios progenitores, etcetera...

Convivo com eles diariamente e é possível até que alguns deles leiam isto. Devo dizer que é uma experiência deveras desgastante do ponto de vista mental. Em especial conter certas respostas tortas que gostaría de lhes dar quando são atacados por vagas de vaidade e arrogância. Não o faço pelo meu próprio bem dentro daquela escola, para não ser marginalizado. Mas tenho consciência que não tenha absolutamente nada em comum com alguns deles. Encaro isso com naturalidade. Venho de um ambiente social diferente. Os meus pais vieram da província, nunca fomos ricos e empregamos um grande esforço económico para suportar os estudos naquela escola que, digam o que disser, possui excelentes professores em algumas disciplinas, além de estes raramente faltarem.

O que mais me impressiona nestes meninos ricos é a sua ignorância. Sendo assim tão abastados terão naturalmente um excepcional acesso à informação e à cultura. No entanto, isso pouco lhes importa. Vivem para se divertir e celebrar, embora sem grandes razões para o fazer: têm o futuro penhorado por anos de maus resultados escolares, os pulmões destruídos por anos de tabaco e ganza, o fígado reduzido a metade por anos de alcóol, os pais sempre ausentes em viagens de negócios e muitos amigos e nenhum deles verdadeiramente um amigo com quem se possa partilhar alegrias e amarguras. É irónico, mas parece que levam uma vida vazia. Seguem tudo o que os outros fazem, não têm iniciativa própria nem individualismo. São tristes.

" Abdico de toda a riqueza do Mundo pelo Amor ao próximo."


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